Considerado como o primeiro artista português, criou histórias com sequências lógicas, contendo textos integrados de forma harmoniosa a cada imagem, o que mais tarde ficou conhecido por histórias aos quadradinhos.
Neste domínio ele foi um desbravador de grande mérito, tal como aconteceu com o suíço Rodolphe Töpffer, os franceses Caran d'Ache, Benjamin Rabier e Gustavo Doré, os britânicos Thomas Rowlandson e Marie Duval, o alemão Wilhelm Busch, os famosos pioneiros daquilo que hoje se denomina correntemente como banda de desenhada, denominação inventada em França em época recente.
Revelou qualidades excepcionais para editar e dirigir jornais, revistas e álbuns de natureza satírica que o tornaram popular junto de numerosas camadas de leitores. A primeira edição ocorreu em 1869 com O Calcanhar de Aquiles, que se prolongou até ao ano seguinte.Também em 1872, e indo ainda mais longe do ponto de vista crítico e na concepção de história aos quadradinhos, o desenhador apresentou Apontamentos de Rafael Bordalo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa

, a sua maior obra de fôlego do género, pois desenrolava-se ao longo de 14 páginas com 120 desenhos. Foi um grande êxito pois teve três edições. Rasilb era o anagrama de Brasil e o imperador em causa, D. Pedro II, vive peripécias inesperadas em diversos países que o deixam estarrecido, convivendo com pessoas ilustres e cometendo alguns disparates durante a acidentada excursão.
A sua produção artística no domínio da caricatura, do desenho humorístico e das histórias desenhadas foi invulgar não só pela qualidade como também pela quantidade.
A sua obra é muito vasta e encontra-se espalhada por milhares de paginas que constituem um dos mais importantes repositórios da sociedade portuguesa do final do século passado. As publicações que dirigiu e para as quais desenhou centenas e centenas de desenhos, com destaque para a A Lantena Mágica (1875), António Maria (1879-1885), Álbum das Glórias (1880-1883), Pontos nos ii (1885-1891) ou A Paródia (1900-1906), revelaram a excepcional capacidade de fazer rir o público, castigando com humor os diversos poderes instituídos.
Criou uma figura popular que permanece viva e actual no comportamento e na maneira de viver do povo português: o Zé Povinho, síntese de indomada rebeldia e de sofrido conformismo, falando em nome de todos aqueles que normalmente não têm voz… (in Vasco Granja - http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/caricatura/bordalo_pinheiro/granja.html )
Sem comentários:
Enviar um comentário